A aristocracia de Bal a Versailles
- Por La Jolie
- 14 de ago. de 2016
- 2 min de leitura
Se tem uma coisa que atiça a curiosidade de um fragrântico desavisado é o frasco de um perfume. Ah, vai dizer que você nunca se deixou sugestionar por um frasco belo, chamativo e luxuoso? O perfume pode até não ser dos melhores, mas se o frasco agrada, aumentam as chances de sermos condescendentes com o conteúdo. Obviamente, existem aqueles perfumes que não só vem em um frasco interessante, como são realmente incríveis em termos de qualidade. Pode-se dizer que é o caso de Bal a Versailles.

Fala sério. O que é esse frasco, gente? Só aí o perfume já ganha pontos. Tento me desvencilhar da influência visual, pois remete a móveis provençais, Maria Antonieta, baile de máscaras, tudo que é lindo e luxuoso! Aliás, Bal a Versailles significa justamente isso: Baile de máscaras.

Algumas versões traziam-no numa segunda caixa forrada com cetim, digno de uma verdadeira joia. e com o frasco um pouco diferente. A cor ambarada anunciava se tratar de uma fragrância marcante. De fato, não se sabe se há comprovação, mas é comum perfumes de cor amarelada serem os mais fortes e persistentes. A caixa, laminada em tom dourado, é para ser guardada. Um dos frascos mais lindos já criados.

Uma curiosidade: Era o perfume preferido de Michael Jackson. Ele dizia que nunca podia ficar sem. Teoricamente, Bal a Versailles é um perfume feminino, mas realmente fica divino na pele masculina. Perfeitamente compartilhável. Teve até campanha com o artista depois dele ter declarado o seu amor. Confira:

"Michael tratava os frascos do seu perfume como ouro. Ele sempre foi feliz por tê-los. Ele amava o frasco grande e luxuoso e gostava de carregar versões menores nos bolsos." (Karen Faye, maquiadora de longa data de Michael Jackson).
De fato, não é difícil entender o apelo que Bal a Versailles exercia sobre Michael, considerando-se sua personalidade excêntrica e seu estilo extravagante. E fica bem clara a inspiração no frasco de Bal para a criação da sua própria fragrância,:
Rsrs, Fofo.

Criado no longínquo ano de 1962 pelo perfumeur Jean Desprez, Bal a Versailles é uma fragrância vintage, resina-licorosa, festiva e um tanto masculina. É doce, porém não aquele doce escancarado de açúcar evidente, mas de uma doçura emborrachada. A fragrância, em si, remete à bourbon, whiskey, charutos e bohemia. Cheiro de bar. Não é à toa que costuma agradar o sexo masculino.

Também pode ser interpretada como uma fragrância gótica. De diurno, realmente Bal não tem nada. É muito clara a intenção de Jean Desprez: perfume feito para a altivez da noite, para festas glamurosas, regadas a muita música, álcool e tabaco. Bal a Versailles é irreverência engarrafada, desde o frasco até a pirãmide olfativa, que, diga-se de passagem, é daquelas de impor respeito:

Topo: Alecrim, Flor de Laranjeira, Tangerina, Cássia, Jasmim, Rosa, Néroli, Bergamota, Rosa-da-Bulgária e limão siciliano.
Coração: Sândalo, patchouli, Lilás, Raiz de Orris, Vetiver, Ylang Ylang, lírio-do-Vale e Couro.
Fundo: Bálsamo de Tolú, Âmbar, Almíscar, Benjoim, Civeta, Baunilha, Madeira de Cedro e Resinas.

Sabe o que é triste? Saber que essa joia está descontinuada! Um crime! Mas ainda pode ser encontrada por um precinho infelizmente ainda mais salgado do que o usual.
A mim, particularmente, remete muito ao Mozart de Milos Forman, em "Amadeus", filme de 1984. Seria o perfume perfeito para aquele Mozart: debochado, irreverente, boêmio e atormentado.

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